quinta-feira, 21 de maio de 2015

Vilinha - A origem de Curitiba


Antes mesmo de 1653 já havia faiscadores e criação de gado na região do planalto de Curitiba.
Sabemos que já existia povoação de "homens brancos" por essas bandas, pois documentos de 1653 citam expressamente a presença portuguesa.
Há inclusive, um mapa em que se indica a existência de um "caminho de Queretiba":
Um mapa de 1653, à esquerda, onde se lê "Caminho de queretiba" (em destaque à direita), ao centro uma comparação com um mapa atual, da baía de Paranaguá e, abaixo à direita um mapa com os caminhos entre Curitiba e o Litoral.
No mapa acima é possível identificar vários pontos assinalados como "minas", todos eles em braços de rio, já que no Paraná, o ouro encontrado era o chamado ouro de lavagem (ou de aluvião), aquele encontrado no leito dos rios. Na região onde hoje é Curitiba, o principal foco desta mineração (também chamada de "faiscagem") estava no Rio Atuba, região próxima da qual viviam os índios Tingüi (e não vou tirar a trema).
Um aspecto curioso é que não há relatos de confrontos entre os "homens brancos" e os índios, por isso mesmo ganha força a história de que foi o cacique dos Tingüis que indicou um lugar mais apropriado para a instalação de um novo centro urbano após o esgotamento da mineração. Esse cacique teria sido um índio chamado Tindiquera. Por isso mesmo há na praça da Vilinha mais uma estátua que o homenageia (a outra foi tema da postagem anterior).

Placa na base da estátua de Tindiquera

A estátua do cacique Tindiquera, na praça da Vilinha

Curioso também é que a praça pertence ao município de Curitiba, mas fica no município de Pinhais (queria saber se paga IPTU, hehe). A praça (na verdade o nome oficial é "Centro Cultural e Turístico da Vilinha") também é conhecida como praça Max Sesselmeier (pois foi o doador do terreno para a prefeitura de Curitiba).

Em cima imagem de satélite da Vilinha
Em baixo mapa com o roteiro da Vilinha, até a Praça Tiradentes, passando pela Praça do Índio.
A praça (ou "centro cultural e turístico") conta com uma construção que tenta imitar características da arquitetura portuguesa do século XVII.
Centro Cultural e Turístico da Vilinha

Nessa construção há duas salas usadas em aulas de música e, ao que parece, um ateliê de desenho... Então quanto ao "cultural" do nome do espaço, OK! Há alguma utilização para disseminação de alguma cultura, mas não me parece que seja um espaço propício e destinado ao "turismo". O espaço é pequeno e não conta com atrativos suficientes (além do aspecto mais "espiritual" de que por estas bandas - e não exatamente nesse espaço - viveram os primeiros humanos que falavam português, em Curitiba).

Na parte superior dos arcos, na construção, há três símbolos. Na esquerda a Cruz da ordem de Cristo, que era usada em uma das bandeiras portuguesas da época (especialmente nos navios que cruzavam o "mar oceano"), à direita está o brasão que deveria ser o de D. Pedro II (de Portugal, não o imperador brasileiro, que nasceu em 1825), que era o rei de Portugal na época do início do povoamento de Curitiba. Ao centro está o escudo de armas da República Federativa do Brasil.


O que existe é uma "academia" ao ar livre, uma cancha de areia e, uma curta pista para caminhada ao redor da praça, além de árvores margeando o local...

Pista para caminhada
O grande problema, a meu ver é que na parte leste da praça há um pequeno córrego, encoberto pelas árvores, que me parece muito poluído (provavelmente em função das indústrias e barracões vizinhos).
Imagens do córrego que deságua no rio Atuba 



Referência bibliográfica:
BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969.
FENIANOS, Eduardo Emílio. Bairro Alto e Atuba - Sementes de Curitiba. Curitiba: UniverCidade, 1999.
WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2010.

Mapas copiados de:
Baía de Paranaguá 1653:
http://www.turismoquatrobarras.com.br/historia-do-municipio.html
Baía de Paranaguá atual, praça da Vilinha e caminho Vilinha - Tiradentes:
https://www.google.com.br/maps
Caminhos para o litoral:
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/ferrovia-130-anos/index.jpp

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